terça-feira, 5 de abril de 2011

Dar-se inteiramente é muito mais que desejar o bem do outro.

Às vezes pensamos que muito do que fazemos de fato o fazemos para os outros e que somos boas pessoas porque nos preocupamos com as pessoas que passam fome e que padecem pela "ironia do destino" e as ajudamos com o pouco imperceptível que fazemos; não acredito nesse pressuposto! E muito menos naquele que reza sobre a falsa e imoral imagem que digladia diariamente com o que de fato somos: personagens em seu maior papel, esforçando-se ao seu máximo para convencer o próprio coração de uma mentira que inventamos para confundir a moral e a ética que, aos soluços, tentam respirar dentro do sufocante poluído universo que é a nossa consciência.

O que o mundo presencia hoje, além de alarmante, chocante, imoral, estúpido e devastador, é culpa nossa. Penso que muito daquilo que nós acreditamos ser possível e pregamos como possíveis mudanças, que talhariam novamente o panorama da existência que sonhamos, cai completamente por terra quando deparado e comparado com os movimentos que executamos para tal feito. Nossos braços movem-se aquém da nossa mente que, por sua vez, já nem sabe mais o que venha a ser nosso coração. A disparidade de nossas ações, se tivéssemos plena consciência delas, nos assustariam mais que a real situação.

E o que fazer para mudar tudo isso? Acho que os tempos já não nos pedem para citar incontáveis nomes de celebridades que fizeram de suas vidas uma enorme ação em prol, não, não precisamos mais disso, já sabemos de tudo o que precisamos saber para tecer uma ideia e um ideal que nos impulsionem, pelo menos em tese, a um movimento maior que o real; sabemos de tudo e nos fazemos de analfabetos.

O que precisamos é de pessoas que não se importem com nada, absolutamente nada, e isso envolve a própria pessoa, o seu ser e a sua vida. Acredito em um mundo de pessoas do mundo, que doam, na integridade do ser, toda a sua existência para algo que acreditam ser maior e, quem sabe, melhor para tantos. Do que precisamos? Sim, seres que não mais se importem com jornais, revistas, televisão, YouTube, orkut, facebook..., precisamos de pessoas que se preocupem com pessoas e nada mais, e que essa preocupação os faça esquecer de tudo e de todos para que para todos sejam tudo. Não precisamos de nada mais que o mais simples que o homem pode oferecer, a integridade do seu ser com o que ela tem de mais honroso, a pura disponibilidade e inclinação para o bem.

Tudo aquilo que sonhou o homem, que sonha o homem que passa fome, que morre na miserabilidade de sua situação, seja ela qual for, não espera nada mais que o mínimo. Não fomos feitos para o mínimo, nossa busca é comprometida com o máximo que podemos ser; pois bem, então porque, quando se fala na radicalidade da entrega e do trabalho, nos calamos e fazemos de conta que nada mais conta?

Sejamos fortes e nada mais, sinceros com aquilo que somos e pensamos ser, com o que sentimos e fazemos: o mundo não vai mudar, as pessoas vão continuar morrendo e matando, passando fome e jogando comigo fora, poluindo e deixando poluir, roubando e prostituindo, abortando e viciando...

Tudo vai continuar como está porque nós vamos ser como somos até que não aguentemos mais, e isso só vai acontecer quando respingar em nós aquilo que jogamos nos outros...

Não basta querer o bem, não basta rezar um Pai-Nosso e achar que tudo pode mudar... que tudo vai mudar!

Precisamos dar, doar, ser e acontecer...


É muito mais...

.: 88 :.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo post Ronaldo, falta mesmo voltarmos a essência do ser humano, pois nós como seres humanos temos muito mais semelhanças, do que diferenças.
    Está na hora de deixarmos nossas diferenças de lado e trabalharmos juntos.

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