terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sim, são todas certezas que nascem de realidades explícitas. Entendo as dores, entendo as frustrações, entendo que, talvez, o que se faz, possa se fazer sem real intenção... entendo pq já fiz e faço muito disso. O que, também às vezes, não conseguimos entender é que as coisas não giram apenas em nosso entorno e que aquilo que fazemos não reflete apenas em nós, mas sim em todo esse mesmo entorno, que, por sua vez, está repleto de outras pessoas, que também sofrem, sentem a mesma dor... Enfim, se dói para uns, na mesma proporção dói para todos, ninguém tem culpa ou merece os respingos das insatisfações um tanto agressivas nascidas das dores alheias. Há uma história e uma trajetória a serem levadas em conta. Muito mais que as lágrimas, e o que resulta delas, foram os sorrisos e o que eles já perpetuaram. Peço desculpas, realmente, se ofendi alguém, algo ou alguma memória. Não era intenção. No mais, busquemos todos aquilo que sempre sonhamos, paz e felicidade. O resto, bem, o nome já diz...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Só por hoje!


  • O silêncio da paráfrase não citada.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Friamente.

Sorriu friamente ao vê-la. Esqueceu do tempo de outrora, em que via seu coração inflamado em brasa sempre que a tinha, ou de fronte a si ou em devaneios, meros; do tempo em que os lábios eram mordiscados entre pequenos lampejos de tímidos sorrisos que escapavam entre olhadelas desconfiadas, sondando se sim ou se não, mas com ânsia infame pelo sim esperado, porém incerto. Depois de uma fração de segundo interminável, na qual o vislumbre do crepúsculo obscuro, distante, ecoou, o esperado que vinha embalado por tristes verões em outono seco, delirante, foi duramente esmagado pelo ocre sabor de um amor infundado. Tornou, aos espasmos em devaneio intrínseco do eterno que se esvai, a pensar o que seria se o destino lhes tivesse mostrado vigor, sem escárnio, de um corpo em desequilíbrio. Embriagado pela náusea causticante do remontar límpido do destino que se vai, não consumado, novamente, em sem saber como, volta a si, triunfante. Atônito sobre o elo imaginado de um tempo sonhado que ainda se esvai, acabou...

e...

sorriu friamente ao vê-la.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Sim, quem sou...


"Sob o manto da noite que me cobre
Negro como as profundezas de um pólo a outro
Eu agradeço a todos os deuses
Por minha alma invencível.
Nas garras ferozes das circunstâncias
Não me encolhi, nem derramei meu pranto
Golpeado pelo destino
Minha cabeça sangra, mas não se curva.
Longe deste lugar de ira e lágrimas
Só assoma o horror das sombras
Ainda assim, a ameaça dos anos me encontra
E me encontrarão para sempre, destemido
Pouco importa quão estreita seja a porta
Quão profusa em punições seja a lista
Sou o Senhor do meu destino
Sou o Capitão da minha Alma."

De dentro do que ecoa...

Alma vazia. Espera de alguém cansado, frustrado, perdido no tempo da desolação. Queria ele que fosse assim, deveras. O tempo que quis para si, teve: usou e se esqueceu dele. No seu esquecimento, padeceram todos. Seu coração, outrora, encheu-se de algo grande, algo transcendente; o tempo lhe foi cruel, tempo que ele escolheu para si, que ele cultivou para si... depois de tudo, de tudo quanto quis para si e fez para chegar a tal fim, encontrou-se apenas, no fim, com uma certeza, sua alma se foi, está vazia! Alma vazia...

Dois como um.

O sol reluta e oferece seu holocausto diário, intransigente degola o clarão de um dia que passou e abre vezes para o paraíso escuro de um crepúsculo em penumbra. Sincero, volta ao reponte pela manhã e oferece o deslumbrante e constante soerguer de um como os outros, destinados ao ocaso finito de uma noite que passa...
Ela insiste em ficar!
Ele não se incomoda; não se incomoda com ela que fica, dividindo o clarão da jornada que consome o esmo para depois voltar a esconder-se no fim do que para uns é o começo que agora serviu de fim.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Indiferença simples.

Ergueram-se e foram ter com ela. Precisavam que fosse rápido, tinham que voltar aos tronos de suas vidas. Ergueram-se e foram. E lá, tiveram com ela e digladiaram entre si; antes de retornar, às pressas, voltaram a ter com ela; acabaram frustrados, ela lhes deu as costas indiferente. Voltaram a seus tronos, petrificaram quando voltaram a se sentar, frustrados; enrijeceram suas vidas em seus seguros tronos... A indiferença frustra àqueles que precisam desacomodar e dispensar tempo de suas vidas a um fim acreditado que se torna indiferença difusa. A vida toda, a partir disso, enrijece e jamais será a mesma, tudo afetado e afetando a tudo e a todos circunvizinhos.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Entre si.

O suor era frio e escorria cada vez mais gélido à medida que rumava ao extremo esquecido de um corpo em delírio febril; sombrio e opaco, o olhar vagueava sem rumo, ao léu sem ocaso, na penumbra fustigante e opressora da verdade revelada pela união inebriante de duas peças que se completam...

Sondagem de um vazio esmo.

O quanto aquilo tudo que sonhamos pesa sobre nossos ombros? Incógnita inconsistente de nossos devaneios. Àquilo tudo que um dia pensamos, e agora queremos concretizar, some-se uma grande experiência temporal agregada pela vivência cotidiana de duas vidas que nunca se encontraram, mas que sabiam ter sido feitas para acabarem juntas.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Um Século de Migrantes!

Não faz muito que iniciamos um novo século, ainda temos um bom caminho a percorrer até que possamos satisfazer as páginas que ilustrarão os primeiros cem anos do segundo milênio...
Pois bem; sou muito cético e, das poucas coisas que acredito serem determinantes em nossa história de mundo, algumas me intrigam profundamente, e estas são as que dizem respeito a nós, homens que vivem debaixo do sol e que tem uma história, mesmo que curta, para contar depois de algumas poucas experiências enquanto conscientes.
Há algo de errado nesse nosso século vinte e um!
Não é possível que não haja!
Nunca nas páginas que nos são conhecidas da nossa história se presenciou algo como o que estamos "aplaudindo" como sendo normal e até, bem, e até "gracioso", no palco da existência.
Vivemos, dramaticamente, em um século excluso, em um tempo em que se permitem barbáries em nome de sei lá o quê; um tempo hipócrita que se projetam afirmações acreditadas como bem fundamentadas, mas que na verdade se amparam na grosseirisse de nossas mais mesquinhas fraquezas. Estamos aplaudindo um tempo em que roubar nunca foi tão gracioso desde Robin Hood... Um tempo que a vida dos pequenos nunca foi tão vulgar desde Herodes... Um tempo em que tudo parece se resumir na vontade de uns poucos acreditados como senhores da Terra... Um tempo em que nos acostumamos a migrar, sim, migrar de uma situação que não está dando certo para uma que talvez venha a dar e se não der, migramos de novo, e de novo...
Nunca fomos tão condicionados, tão, brutalmente, manipulados... Sim, porque quando o fomos como escravos era pela força, agora é porque queremos e permitimos... permitimos quando dizemos sim ao sistema, quando não nos mobilizamos por uma causa justa, seja ela de cunho pessoal ou comunitário; perdemos a essência daquilo que de fato somos... Fomos feitos fantoches nas mãos sujas de poucos "artistas" aplaudidos por nós mesmos...
Aprendemos, não sei como nem por herança de quem, que quando a coisa não está mais legal, mudamos... Mas não o sistema, a nós mesmos, a nossa vida, e tudo ao nosso redor, fica na mesma basbaquice que está... Não lutamos mais para mudar a situação daquilo que está a nosso serviço, lutamos bravamente para migrar, mudar aquilo que pensamos e aquilo que somos, aquilo que acreditamos, os nossos valores e potencialidades, lutamos para mudar nosso pensamento e nossos sentimentos, lutamos para não permitir que nossos olhos se ceguem ao ver o escárnio que se nos apresenta diariamente... Somos pútridos migrantes de nós mesmos...
Não estou mais feliz com minha igreja, com minha religião, já não lutamos mais por uma mudança de concepção grupal, por uma renovação que venha do núcleo, não, saímos porta a fora em busca, sedenta, por outra que me agrade, por outro "estabelecimento" que esteja vendendo o produto que busco. Lastimável!
Não estando mais feliz com a qualidade da política do país, não saio mais às ruas, pinto minha cara, e esbravejo a todos quanto ouvirem o que penso e o que quero mudar, sabendo tudo o que pode ser melhor para todos, não, vendo meu voto e mudo toda a minha moral, migro para um porão escuro, um local remoto, onde ética e cidadania não aparecem no vazio da escuridão. Vergonhoso!
Não estando mais feliz com tudo o que vejo nas ruas, nas pessoas, nos jovens, não me envolvo em tentar ajudar estas pessoas, trabalhar para erradicar a solidão, para alegrar as pessoas, para fazer do mundo um lugar melhor, para alegrar o dia com um sorriso, não, luto para sobreviver nesse mormaço sem fim, luto para não sufocar e, se necessário for, sufoco a quem seja, contanto que eu viva; migro de um horizonte a outro em busca de paz, uma paz que ecoa dentro do vazio de um coração que, de tanto migrar de situação em situação, já não sente mais. Impacta!
Não estando mais feliz com o aspecto cinzento da sociedade, de uma sociedade morta e matando, não busco flores, não busco balões, não sorrio para as crianças e não quero que sorriam para mim, não, eu não quero que tudo se torne belo novamente, eu migro, eu desisto de tudo isso e migro para uma consciência opaca, cinza, condiciono aquilo que sou para não ter o trabalho de precisar fazer algo, para não "sujar" minhas mãos com a terra da beleza, do verde, da vida... Migro para algo que não sei dizer, fazer, sentir... Depressão!
Não estou mais feliz com o mundo, com as pessoas, com a natureza, com Deus... não estou mais feliz comigo, com você, com ele e com ela... não estou mais feliz com as crianças, com os cachorrinhos, com o padeiro e os velhinhos... não estou mais feliz com a vida, não estou mais feliz com nada... MIGRO! erradico as os velhinhos condenando-os a morrerem na solidão de um frio asilo, erradico os cachorrinhos e todos os animais maltratando e matando a todos, sem dó... erradico as crianças, as pequenas criancinhas, matando a todas, desde o ventre de suas mamães... erradico Deus de mim, mato a ele e a tudo o que acredita dentro de mim, acabo com as pessoas e com tudo o que me cerca... não admito que nada prevaleça... Migro, mato aquilo que sou e aquilo que fui, em nome de algo que não tenho coragem de ser...
Vivo em um século que está apenas começando e não posso, com isso, projetar como será o amanhã... vivo em um século de migrantes, porque migrar é mais fácil...


88:.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Dar-se inteiramente é muito mais que desejar o bem do outro.

Às vezes pensamos que muito do que fazemos de fato o fazemos para os outros e que somos boas pessoas porque nos preocupamos com as pessoas que passam fome e que padecem pela "ironia do destino" e as ajudamos com o pouco imperceptível que fazemos; não acredito nesse pressuposto! E muito menos naquele que reza sobre a falsa e imoral imagem que digladia diariamente com o que de fato somos: personagens em seu maior papel, esforçando-se ao seu máximo para convencer o próprio coração de uma mentira que inventamos para confundir a moral e a ética que, aos soluços, tentam respirar dentro do sufocante poluído universo que é a nossa consciência.

O que o mundo presencia hoje, além de alarmante, chocante, imoral, estúpido e devastador, é culpa nossa. Penso que muito daquilo que nós acreditamos ser possível e pregamos como possíveis mudanças, que talhariam novamente o panorama da existência que sonhamos, cai completamente por terra quando deparado e comparado com os movimentos que executamos para tal feito. Nossos braços movem-se aquém da nossa mente que, por sua vez, já nem sabe mais o que venha a ser nosso coração. A disparidade de nossas ações, se tivéssemos plena consciência delas, nos assustariam mais que a real situação.

E o que fazer para mudar tudo isso? Acho que os tempos já não nos pedem para citar incontáveis nomes de celebridades que fizeram de suas vidas uma enorme ação em prol, não, não precisamos mais disso, já sabemos de tudo o que precisamos saber para tecer uma ideia e um ideal que nos impulsionem, pelo menos em tese, a um movimento maior que o real; sabemos de tudo e nos fazemos de analfabetos.

O que precisamos é de pessoas que não se importem com nada, absolutamente nada, e isso envolve a própria pessoa, o seu ser e a sua vida. Acredito em um mundo de pessoas do mundo, que doam, na integridade do ser, toda a sua existência para algo que acreditam ser maior e, quem sabe, melhor para tantos. Do que precisamos? Sim, seres que não mais se importem com jornais, revistas, televisão, YouTube, orkut, facebook..., precisamos de pessoas que se preocupem com pessoas e nada mais, e que essa preocupação os faça esquecer de tudo e de todos para que para todos sejam tudo. Não precisamos de nada mais que o mais simples que o homem pode oferecer, a integridade do seu ser com o que ela tem de mais honroso, a pura disponibilidade e inclinação para o bem.

Tudo aquilo que sonhou o homem, que sonha o homem que passa fome, que morre na miserabilidade de sua situação, seja ela qual for, não espera nada mais que o mínimo. Não fomos feitos para o mínimo, nossa busca é comprometida com o máximo que podemos ser; pois bem, então porque, quando se fala na radicalidade da entrega e do trabalho, nos calamos e fazemos de conta que nada mais conta?

Sejamos fortes e nada mais, sinceros com aquilo que somos e pensamos ser, com o que sentimos e fazemos: o mundo não vai mudar, as pessoas vão continuar morrendo e matando, passando fome e jogando comigo fora, poluindo e deixando poluir, roubando e prostituindo, abortando e viciando...

Tudo vai continuar como está porque nós vamos ser como somos até que não aguentemos mais, e isso só vai acontecer quando respingar em nós aquilo que jogamos nos outros...

Não basta querer o bem, não basta rezar um Pai-Nosso e achar que tudo pode mudar... que tudo vai mudar!

Precisamos dar, doar, ser e acontecer...


É muito mais...

.: 88 :.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Você quer?

É preciso correr riscos dizia ele. Só entendemos o milagre da vida quando deixamos que o inesperado aconteça... Todos os dias, Deus nos dá junto com o sol, um momento em que é possível mudar tudo o que nos deixa infelizes... Todos os dias preferimos fingir que esse momento não é possível, que ele não existe, que o hoje será igual o ontem que será igual o amanhã... Mas, quem presta atenção ao seu redor descobre o instante mágico. Ele pode estar escondido na hora em que colocamos a chave na porta pela manhã, no instante de silêncio após o jantar, nas mil e uma coisas que nos parecem iguais. Este momento existe, um momento em que todas as forças de Deus passam por nós, e nos permitem fazer milagres... A felicidade é uma bênção, mas geralmente é uma conquista. O instante mágico do dia nos ajuda... E só...


.: 88 :.

Você

E você, que há tantos me disse o que há muito queria ouvir... Obrigado! Perdi a vez em que a vez de não perder passou por mim e eu simplesmente deixei para outra vez... Porém, lembro-me com o que você se parece, e sobre minha face repousa o nobre pensamento que em minha mente insistiu logo na primeira vez que a vi; e eram tantas as vezes que me olhava... eram tão poucas as que podia me ver... ver minha alma... e, se a visse saberia o que dizer, sobre o que eu, por todos os tempos que passaram, não disse... plasmei em mim, naquele espaço que sobra no coração de quem amou, o semblante que não penso em deixar esqeucer o coração e a mente, para que sempre quando quiser, possa eu preencher novamente o lugar, o espaço que foi reservado para somente algo, que só assim podem, de fato, sumir... para que possa meu coração, sozinho, viver!

.: 88 :.

De tantas as vezes que me olhas, são tão poucas as vezes que podes me ver, ver minha alma, aquilo que sou...


"Pares de olhos tão profundos, que amargam as pessoas que fitar... Mas que bebem sua vida, sua alma, na altura que mandar... São os olhos, são as asas, [...]



.: 88 :.

É preciso...

Custa tanto ser uma pessoa plena, que muito poucos são aqueles que têm a luz ou a coragem de pagar o preço...

É preciso abandonar por completo a busca por segurança e correr o risco de viver com os dois braços.


É preciso abraçar o mundo como um amante.


É preciso aceitar a dor como uma condição da existência.


É preciso cortejar a dúvida e a escuridão como preço do conhecimento.


É preciso ter uma vontade obstinada no conflito, mas também uma capacidade de aceitação total de cada consequência do viver e do morrer.


Morris West
.: 88 :.