domingo, 21 de novembro de 2010

Fio que não se vê. :.

O calor esmaga...

Os dias não mais...

Tudo parece calmo. O que será? O que será que há?

Pode ser que seja tudo, ou nada! O nada supõe; o tudo exclui! Nada mais que tudo quanto foi!

O calor esmaga...

Pedra de amolar fio que não se vê,


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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sabemos o que pode ser que queremos?

O rumor ainda parece ecoar dentro do âmago, não há nada que se possa fazer, somente ouvir...
ouvir e sentir tudo o que tem a dizer aquele que não usa palavras, tudo o que tem a escrever aquele que não usa tinteiro algum... perceber aquilo que manifesta aquele que não usa nada além de poucos para se nos manifestar...
a vida dá um grande grito que ecoa ao passar do vento; o tempo estende sua mão gélida sobre um passado que parecia não querer nada além de uma nova aurora...

Tudo o que parecia ser, na verda o era... as minucias de um pequeno passo que não podia ser dado sem o desprendimento de uma grande parte de mim... o que mais se quer na vida?

o que um homem busca na vida?

qual é o seu horizonte final?

sim, ele não sabe...

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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

No aguardo :.

A face marcada por cicatrizes do tempo. Valas imundas que remontam a tempos de escárnios e infortúnios desalojados. O que entristece não são as marcas que ficaram, o que entristece é o fato de que as feridas ainda estão abertas, jorrando sangue impiedosamente...
Sem nada que a possa fazer parar; o rumor da sorte já o deixou... O que se espera é que o mundo mude, o que se espera é que as pessoas mudem... o que se espera é que eu mude...
Não se espera, porém, que queiramos o melhor, espera-se, pois...
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domingo, 29 de agosto de 2010

Escancarado :.

Ele vem vindo... entra sorrateiramente e sem pedir licença. Não sei, ao certo, o que quer... mas algo ele quer... e vem, e sem pedir, sem saber se pode, vem. Por entre as frestas entra, escorrega para dentro da sala, e permanece.
Permanece imóvel, sem vida, frio e escorregadio. Não o vejo, o sinto; o que é pior...
Penso em sair, não posso, e não consigo.
O furor é inebriante e a sensação claustrofóbia. O silvo é ensurdecedor e o ranger esmagador. Ele permanece, a tortura é indescritível. Não sei se gosto, sei que sinto o arrepio.
Silencioso; Negro; Gélido e sem vida, ele permanece estático, depois de ter entrado, a meu lado, pedindo passagem, fica, espera o momento...
... o silvo da morte!

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Você vai? :.

Ela me pediu como poderia tudo o que eu disse ser verdade e acontecer?...

Eu disse, - não sei... E só há uma maneira de sabermos. Você quer? Eu quero!

Sim, eu quero. - disse ela.

Então vamos, - eu disse.

E fomos... acho que não voltaremos mais...

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Sem medo... cair... :.

O silêncio que impera... nada que não possa ser quebrado e feito em frangalhos...
Um reinado curto e sem nada mais que a lembrança, silenciosa e opaca... quebradiça e sem cor...
a cor do crime... sem vida, não vida suficiente para a morte...
ele é fraco... como a sombra... como a folha... nada que o vento, e seu silvo, não derrube...

Alice. Que a morte nos seja pouco...

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pequenos e tolos... sem nexo... :.

Se tudo aquilo que somos se baseia intimamente somente àquilo que gostaríamos ser, de que adiantaria a vida? Para que serviria a existência...
Só não sabemos mais por que não queremos, ou talvez por que não podemos... as incertezas podem ser maiores que as vitórias calorosas das descobertas, mas nunca serão arrebatadoras quanto as certezas de poder sempre mais... de querer sempre mais... o mundo fica pequenos demais frente à nossa astúcia...

pequeno demais...

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sábado, 24 de abril de 2010

O Segredo é Saber como Morrer :.

De D. B., e nada a mais...

O TEMPO É UM RIO... E OS LIVROS SÃO BARCOS. MUITOS VOLUMES NAVEGAM POR ESSAS ÁGUAS E ACABAM NAUFRAGADOS E IRREMEDIAVELMENTE PERDIDOS EM SUAS AREIAS. POUQUÍSSIMOS SÃO AQUELES QUE SUPORTAM OS RIGORES DO TEMPO E VIVEM PARA ABENÇOAR AS ÉPOCAS FUTURAS.

"Eu estou olhando para mim mesmo, uma ruína de carne ensangüentada sobre a plataforma sagrada de mármore. Meu
pai está ajoelhado atrás de mim, segurando minha cabeça sem vida com a única mão que lhe resta.
Sinto uma onda crescente de raiva... e de confusão.
A hora não é de compaixão... mas de vingança, de transformação... porém, mesmo assim, meu pai se recusa a ceder, a cumprir seu papel, a canalizar sua dor e sua raiva para a lâmina da faca e cravá-la no meu coração.
Estou amarrado aqui, suspenso... preso à minha casca terrena.
Meu pai passa suavemente a palma da mão pelo meu rosto para fechar meus olhos que se apagam.
Sinto as amarras se soltarem.
Um véu esvoaçante se materializa à minha volta, tornando-se mais espesso e fazendo a luz diminuir, escondendo o mundo de mim. De repente, o tempo se acelera e estou mergulhando em um abismo muito mais escuro do que algum dia pude imaginar. Ali, dentro de um vazio estéril, ouço um sussurro... sinto uma força se acumular. Ela vai ficando mais potente, crescendo a uma velocidade espantosa, me rodeando. Assustadora e poderosa. Sombria e imponente.
Eu não estou sozinho aqui.
Este é meu triunfo, minha grande recepção. No entanto, por algum motivo, sinto-me cheio não de alegria, mas de um medo sem limites.
É totalmente diferente do que eu esperava.
A força então se agita, rodopiando ao meu redor com uma potência irrefreável, ameaçando me partir ao meio. De repente, sem aviso, as trevas se adensam como uma grande fera pré-histórica, empinando-se à minha frente.
Estou diante de todas as almas obscuras que me precederam.
Estou gritando com um terror sem fim... enquanto a escuridão me devora por inteiro".
O segredo é saber como morrer!
88 :.

domingo, 18 de abril de 2010

Ciclotrimetilenotrinitramina 88 :.

Muitas noites, enquanto você dormia, eu passeava, escutava o choro das crianças recém-nascidas , as cantigas dos homens que tinham bebido depois do trabalho, os passos firmes do Sentinela em cima da muralha. Quantas vezes eu já vira aquela paisagem e não reparara como era bela? Quantas vezes olhara para o céu, sem notar que era profundo? Quantas vezes escutara os ruídos à minha volta, sem perceber que faziam parte da minha vida?
O vento do desero, há muito tempo, já apagou nossos passos na areia. Mas, a cada segundo de minha existência, eu relembro o que aconteceu, e você continua caminhando nos meus sonhos e na minha realidade. Obrigado por ter cruzado meu caminho.
O espírito humano anseia por dominar seu invólucro carnal.
Sonho no escuro e nada parece satisfazer meu escárnio voraz. Tudo sempre caminhou rumo a não sei o quê. Tudo foi sempre tão sufocado que nada parecia ser certo e nem tendia para tal.
Vivemos dias em que tudo faz sentido e nada parece esatr programado.
Por mais que tentemos, nossos esforços são inúteis frente a tudo o que nos cerca.
Somos, por todos os lados possíveis de se imaginar, alvejados por não se sabe o que. Estamos perdidos, totalmente perdidos.
[...]
"Quando saímos do útero materno e penetramos no útero social, choramos! Quando saímos do útero social e penetramos no útero de um túmulo, outros choram por nós! Na saída e na entrada da vida, as lágrimas irrigam nossa história!"
"As lágrimas na entrada e despedida da vida revelam que a existência é o show dos shows, o espetáculo dos espetáculos, pautada por inumeráveis emoções. Drama e comédia se alternam. Brisa e tempestade, saúde e doença, são privilégios dos vivos. Das crianças aos idosos, dos ocidentais aos asiáticos, todos enfim, experimentam, no script desse espetáculo, em maior ou em menor escala, a brisa do êxito e a trama da derrota, o sabor da fidelidade e o paladar da traição, a textura do alívio e a contingência da dor.
A vida é um show, e por trás de um ator ou atriz que falha, há sempre uma pessoa machucada nos bastidores".
[...]
Se as ideias são tão fortes para construir armas, deverão ser fortes o suficiente para encontrar soluções que não nos levem a usá-las. Mas, uma vez construídas, as armas voltam-se contra as ideias, diminuem sua criatividade. A criatura destrói o criador.
Nos comportamentos domos distintos, ms os fenômenos que nos tornam a espécie Homo Sapiens são exatamente os mesmos entre juízes e réus, promotores e criminosos.
[...]
As ideias são sementes e o maior favor que se pode fazer a uma semente é enterrá-la.
Encenamos nossa história como atores eternos no teatro do tempo e subitamente encerramos a peça como se não tivemssemos atuado. Em algumas coasiões, falamos dEle, talvez amparados em alguma premissa alterável ou em dados de saber sociológico, político, psicológico, linguístico, em vez de fazer derivar os critérios básicos de nossa vida e atitude de um evangelho vivo com integridade, com a grande confiança e esperança que encerra a Cruz de Cristo.


88 :.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Os homens e mulheres que chamamos de místicos só se distinguem de nós porque dão a essas experiências o lugar que merecem ter na vida de todos e de cada um. O importante não é a frequência ou intensidade das experiências místicas, mas a influência que permitimos que tenham em nossas vidas. Aceitando nossos momentos místicos com tudo aquilo que eles nos oferecem e exigem de nós, tornamo-nos os místicos que somos chamados a ser. O místico não é um tipo especial de ser humano, cada ser humano é um tipo especial de místico. Nesse modo de ver, não se apreende nenhum objeto nem há traço de destinação; não existem dois. O homem é mudado, não é mais ele mesmo nem pertence a si mesmo; funde-se com o supremo, afunda-se nele, é um com ele. Não é possível que a alma suba mais alto, pois não há altura acima do Altíssimo, nem multiplicidade em face da unidade.


Para que a alma conheça a Deus ela deve esquecer de si mesma; enquanto prestar atenção em si mesma ou estiver consciente de si mesma, ela não verá a Deus nem dEle estará consciente. Acima de todo o entendimento natural.


Entrei e contemplei com os olhos da alma, acima da minha própria inteligência, uma luz imutável. Quem conhece a verdade conhece essa luz, e quem a conhece, conhece a eternidade. O amor a conhece, a eterna verdade, amor verdadeiro e amoroda eternidade!

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O que há de ser... :.

À medida que ficamos mais velhos, percebemos mais e mais que a verdadeira força vem através daqueles que têm para nós um significado espiritual. Quer estejamos próximos ou distantes, mortos ou ainda vivos, precisamos deles para encontrarmos o nosso caminho pela vida. O bem quem trazemos conosco só se transforma vida e ação quando eles estão espiritualmente próximos de nós. Em que memórias vivem os homens? A vida nos é pouca!

[...]

O tempo continua a passar, e as coisas, a cada dia, parecem ser ainda mais claras. Continuo minha busca, não sei nem quando, nem como consiguirei o que quero. O mundo já não é mais o mesmo. Hoje quero o mundo em festim, amanhã, em fogo...

[...]

Aquilo que está mais perto de nós é o mais difícil de exprimir e explicar. Isso não vale somente para os amantes, os artistas e os equilibristas, mas também para aqueles que oram. Conquanto a oração seja a expressão de um relacionamento muito íntimo, é também o assunto sobre o qual é mais difícil falar, tornando-se facilmente objeto de discriminação superficial e de lugares-comuns. Conquanto, seja o mais humano de todos os atos humanos, é também facilmente vista como a mais supérfula e supersticiosa das atividades.


Quando a mente não mais se dissipa em meio às coisas externas nem se dispersa pelo mundo através dos sentidos, ela volta a si mesma; e por si mesma se eleva ao pensamento de Deus.

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domingo, 3 de janeiro de 2010

Há sim, "Devaneios Tolos", torturando-me! :.


De A.J.C., e nada mais...


"Quando considero a breviedade da existência dentro do pequeno parêntese do tempo e reflito sobre tudo o que está além de mim, enxergo minha pequenez. Quando considero que um dia tombarei no silêncio de um túmulo, tragado pela vastidão da existência, compreendo minhas extensas limitações e, ao deparar com elas, deixo de ser um deus e liberto-me para ser apenas um ser humano. Saio da condição de centro do universo para ser apenas um andante nas trajetórias que desconheço...



Sou apenas um caminhante que perdeu o medo de se perder, estou seguro de que sou imperfeito. Podem me chamar de louco. Podem zombar das minhas ideias. Não importa! O que importa é que sou um caminhante que vende sonhos para os passantes; não tenho bússola nem agenda, não ganho nada, mas tenho tudo. Sou apenas um caminhante. À procura de mim mesmo...



A vida é longuíssima para se errar, mas assombosamente curta para se viver. A consciência da breviedade da vida perturba a vaidade dos meus neurônios e me faz ver que sou um caminhante que cintila nas curvas da existência e se dissipa aos primeiros raios do tempo. Nesse em muitos lugares, mas me achei num lugar anônimo, no único lugar onde as vaias e os aplausos são a mesma coisa, o único lugar onde ninguém pode entrar sem permitirmos, nem nós mesmos.



O passado é meu algoz, não me permite o retorno, mas o presente levanta generosamente meu semblante descaído e me faz enxergar que não posso mudar o que fui, mas posso construir o que serei. Podem me chamar de louco, psicótico, maluco, não importa. O que importa é que, como todo mortal, um dia terminarei o show da existência no pequeno palco de um túmulo, diante de uma platéia em lágrimas.



Seja anulado no parêntese do tempo o dia em que este homem nasceu! Que na manhã desse dia sejam dissipados os orvalhos que umedeciam a relva! Que a noite em que este homem foi concebido seja usurpada pela angústia! Resgate-se dessa noite o brilho das estrelas que pontilham no céu! Recolham-se da sua infância seus sorrisos e seus medos! Anulem-se da sua meninisse suas peripécias e suas aventuras! Risquem-se da sua maturidade seus sonhos e pesadelos, sua lucidez e suas loucuras...".

E tudo pelo simples e inefável fato de existir, sim, existir e nada mais, absolutamente nada mais. Sempre seremos escravos de nossas fraquezas, tolos escravos daquilo que mais tememos e sempre achamos estar muito longe... Somos fétidos mortais cambaleando no palco da existência à procura do nada que achamos ser tudo!

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