terça-feira, 26 de junho de 2012

Friamente.

Sorriu friamente ao vê-la. Esqueceu do tempo de outrora, em que via seu coração inflamado em brasa sempre que a tinha, ou de fronte a si ou em devaneios, meros; do tempo em que os lábios eram mordiscados entre pequenos lampejos de tímidos sorrisos que escapavam entre olhadelas desconfiadas, sondando se sim ou se não, mas com ânsia infame pelo sim esperado, porém incerto. Depois de uma fração de segundo interminável, na qual o vislumbre do crepúsculo obscuro, distante, ecoou, o esperado que vinha embalado por tristes verões em outono seco, delirante, foi duramente esmagado pelo ocre sabor de um amor infundado. Tornou, aos espasmos em devaneio intrínseco do eterno que se esvai, a pensar o que seria se o destino lhes tivesse mostrado vigor, sem escárnio, de um corpo em desequilíbrio. Embriagado pela náusea causticante do remontar límpido do destino que se vai, não consumado, novamente, em sem saber como, volta a si, triunfante. Atônito sobre o elo imaginado de um tempo sonhado que ainda se esvai, acabou...

e...

sorriu friamente ao vê-la.

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