domingo, 16 de janeiro de 2011

Versus :.

De A.J.C., e nada mais...
- A morte é cruel.
Digladia com intelectuais e os torna meninos.
Debate com ateus e os transforma em tímidas crianças.
Guerreia contra generais e os torna frágeis combatentes.
Batalha com milionários e os sepulta na lama da miserabilidade.
Duela contra celebridades e as faz beijar a lona da insignificância.
A vida sempre nos dá outras oportunidades, a morte nunca.

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De A.J.C., e nada mais...

- Por que Te calas quando as crianças morrem soterradas em terremotos? Por que silencias quando a fome comprime seus magérimos corpos? Por que não ages quando nos acidentes asfixiam-lhes os pulmões e estancam-lhes o fôlego de vida? Ou ages e não ficamos sabendo? Ou acolhe em Teu peito, no seio da eternidade, quando seus pequenos corações deixam de pulsar e não nos contas? Se amas, sofres; se sofres, por que optas pelo silêncio? Teu silêncio sustentou por anos meu cético ateísmo! Choras nas próprias lágrimas das crianças? Tremulas na angústia inexprimível dos pais que perderam seus filhos? [...] Estou só, profundamente só. Tento Te esquecer, mas ocupas a pauta da minha mente.
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Desconhecido :.

De F.N., e nada mais...

Antes de prosseguir o meu caminho e lançar o meu olhar para frente uma vez mais, elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos para que, em cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravadas em fogo essas palavras: "Ao Deus desconhecido".
Teu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servir-Te.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que penetras a alma e, qual turbilhão, invades minha vida.
Tu, oh incompreensível, mas meu semelhante, eu quero Te conhecer.

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