terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Os homens e mulheres que chamamos de místicos só se distinguem de nós porque dão a essas experiências o lugar que merecem ter na vida de todos e de cada um. O importante não é a frequência ou intensidade das experiências místicas, mas a influência que permitimos que tenham em nossas vidas. Aceitando nossos momentos místicos com tudo aquilo que eles nos oferecem e exigem de nós, tornamo-nos os místicos que somos chamados a ser. O místico não é um tipo especial de ser humano, cada ser humano é um tipo especial de místico. Nesse modo de ver, não se apreende nenhum objeto nem há traço de destinação; não existem dois. O homem é mudado, não é mais ele mesmo nem pertence a si mesmo; funde-se com o supremo, afunda-se nele, é um com ele. Não é possível que a alma suba mais alto, pois não há altura acima do Altíssimo, nem multiplicidade em face da unidade.


Para que a alma conheça a Deus ela deve esquecer de si mesma; enquanto prestar atenção em si mesma ou estiver consciente de si mesma, ela não verá a Deus nem dEle estará consciente. Acima de todo o entendimento natural.


Entrei e contemplei com os olhos da alma, acima da minha própria inteligência, uma luz imutável. Quem conhece a verdade conhece essa luz, e quem a conhece, conhece a eternidade. O amor a conhece, a eterna verdade, amor verdadeiro e amoroda eternidade!

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O que há de ser... :.

À medida que ficamos mais velhos, percebemos mais e mais que a verdadeira força vem através daqueles que têm para nós um significado espiritual. Quer estejamos próximos ou distantes, mortos ou ainda vivos, precisamos deles para encontrarmos o nosso caminho pela vida. O bem quem trazemos conosco só se transforma vida e ação quando eles estão espiritualmente próximos de nós. Em que memórias vivem os homens? A vida nos é pouca!

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O tempo continua a passar, e as coisas, a cada dia, parecem ser ainda mais claras. Continuo minha busca, não sei nem quando, nem como consiguirei o que quero. O mundo já não é mais o mesmo. Hoje quero o mundo em festim, amanhã, em fogo...

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Aquilo que está mais perto de nós é o mais difícil de exprimir e explicar. Isso não vale somente para os amantes, os artistas e os equilibristas, mas também para aqueles que oram. Conquanto a oração seja a expressão de um relacionamento muito íntimo, é também o assunto sobre o qual é mais difícil falar, tornando-se facilmente objeto de discriminação superficial e de lugares-comuns. Conquanto, seja o mais humano de todos os atos humanos, é também facilmente vista como a mais supérfula e supersticiosa das atividades.


Quando a mente não mais se dissipa em meio às coisas externas nem se dispersa pelo mundo através dos sentidos, ela volta a si mesma; e por si mesma se eleva ao pensamento de Deus.

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domingo, 3 de janeiro de 2010

Há sim, "Devaneios Tolos", torturando-me! :.


De A.J.C., e nada mais...


"Quando considero a breviedade da existência dentro do pequeno parêntese do tempo e reflito sobre tudo o que está além de mim, enxergo minha pequenez. Quando considero que um dia tombarei no silêncio de um túmulo, tragado pela vastidão da existência, compreendo minhas extensas limitações e, ao deparar com elas, deixo de ser um deus e liberto-me para ser apenas um ser humano. Saio da condição de centro do universo para ser apenas um andante nas trajetórias que desconheço...



Sou apenas um caminhante que perdeu o medo de se perder, estou seguro de que sou imperfeito. Podem me chamar de louco. Podem zombar das minhas ideias. Não importa! O que importa é que sou um caminhante que vende sonhos para os passantes; não tenho bússola nem agenda, não ganho nada, mas tenho tudo. Sou apenas um caminhante. À procura de mim mesmo...



A vida é longuíssima para se errar, mas assombosamente curta para se viver. A consciência da breviedade da vida perturba a vaidade dos meus neurônios e me faz ver que sou um caminhante que cintila nas curvas da existência e se dissipa aos primeiros raios do tempo. Nesse em muitos lugares, mas me achei num lugar anônimo, no único lugar onde as vaias e os aplausos são a mesma coisa, o único lugar onde ninguém pode entrar sem permitirmos, nem nós mesmos.



O passado é meu algoz, não me permite o retorno, mas o presente levanta generosamente meu semblante descaído e me faz enxergar que não posso mudar o que fui, mas posso construir o que serei. Podem me chamar de louco, psicótico, maluco, não importa. O que importa é que, como todo mortal, um dia terminarei o show da existência no pequeno palco de um túmulo, diante de uma platéia em lágrimas.



Seja anulado no parêntese do tempo o dia em que este homem nasceu! Que na manhã desse dia sejam dissipados os orvalhos que umedeciam a relva! Que a noite em que este homem foi concebido seja usurpada pela angústia! Resgate-se dessa noite o brilho das estrelas que pontilham no céu! Recolham-se da sua infância seus sorrisos e seus medos! Anulem-se da sua meninisse suas peripécias e suas aventuras! Risquem-se da sua maturidade seus sonhos e pesadelos, sua lucidez e suas loucuras...".

E tudo pelo simples e inefável fato de existir, sim, existir e nada mais, absolutamente nada mais. Sempre seremos escravos de nossas fraquezas, tolos escravos daquilo que mais tememos e sempre achamos estar muito longe... Somos fétidos mortais cambaleando no palco da existência à procura do nada que achamos ser tudo!

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